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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O TRABALHO DO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA DPCAMI: LIMITES E POSSIBILIDADES

 

 

1.1 PERSPECTIVAS DE ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL

O Assistente Social é um profissional multidisciplinar que atua com a perspectiva da totalidade e de maior contato com as políticas públicas de saúde, Assistência Social e educação, que pertencem à esfera de prevenção primária dentre as mazelas da sociedade criando assim possibilidades de enfrentamento para as demais questões evitando maiores consequências.

O Assistente Social se defronta, cotidianamente, com “candidatos” a cidadãos, que buscam ajuda para satisfação de necessidades básicas de sobrevivência. Trata – se de uma profissão que lida com as misérias humanas, com produto da exploração do homem pelo homem, fazendo aflorar e trazendo para o confronto reflexões sobre os valores de nossa realidade, exigindo um posicionamento ético e político frente à realidade, em todas as suas possibilidades, na tentativa de buscar a sua transformação. (PAVEZ; OLIVEIRA, 2002, p.89).

Desde o inicio, o Serviço Social atua nesses espaços, consolidando-se como uma área de grande importância junto ao Direito, Psiquiatria e Psicologia. Assim, o processo que dá início a sua inserção em delegacias policiais, teve como estopim a luta das mulheres contra os diversos tipos de violência sofrida, a partir dos anos de 1980, com ênfase nas unidades especializadas na defesa e proteção das mulheres.

A conjuntura social brasileira da década de 1980 serviu de palco para que um novo projeto ético-político do Serviço Social fosse gestado, rompendo com uma trajetória conservadora. Vários fatos contribuíram para esse rompimento, dentre eles o movimento de reconceituação, a crise da ditadura militar, a abertura democrática e as mobilizações de diferentes categorias de trabalhadores. (NETTO, 1999, p.100).

De acordo com NETTO (1999, p.100), o contexto histórico vivido pela sociedade levou a categoria profissional a um redimensionamento político comprometido, optando desta forma, pela construção de uma sociedade mais justa.

E complementa:

Como todo o universo heterogêneo, a categoria profissional não se comportou de modo idêntico. Mas as suas vanguardas conquistaram, então, vivência democrática e se mobilizaram ativamente na contestação política [...] , os segmentos mais ativos da categoria profissional vincularam-se ao movimento social dos trabalhadores, rompendo com a dominância do conservadorismo [...] (NETTO, 1999, p.100).

Logo, seja no espaço da violência contra a mulher ou em qualquer outro espaço ocupacional, o assistente social intervêm sobre um objeto de trabalho, ou seja, sobre este incide alguma ação profissional. Por isso, para o assistente social, é essencial o conhecimento da realidade em que atua, a fim de compreender como os sujeitos sociais experimentam e vivenciam estas situações. No caso em tela, ao trabalharmos com a temática da violência contra a mulher, o Profissional de Serviço Social necessita aprofundar seus conhecimentos sobre as múltiplas determinações que dela decorrem.

Com base nesta premissa Iamamoto sustenta que:

O grande desafio na atualidade é, pois, transitar da bagagem teórica acumulada ao enraizamento da profissão na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, uma maior atenção às estratégias e técnicas do trabalho profissional, em função das particularidades dos temas que são objetos de estudo e ação do assistente social. (1999, p.52):

Sua funcionalidade não pode ser considerada somente pelas habilidades técnicas de seus profissionais, e sim, pelo elemento “educativo” e “disciplinador” de que ele se constitui, o que o leva a ser chamado para determinadas tarefas históricas.

Neste sentido, esclarece Iamamoto:

Programas e agentes são mobilizados para detectar, preventivamente, as tensões sociais e, localizadamente, atenuá-las diante das sequelas derivadas da intensificação do processo de exploração da força de trabalho e de sua contrapartida: a presença crescente dos trabalhadores no cenário político da sociedade (IAMAMOTO, 1992, p. 42).

Desta forma, os profissionais de Serviço Social nas Instituições executoras da Política de Segurança Pública, além do compromisso com o atendimento de qualidade, devem possibilitar aos usuários o conhecimento sobre os seus direitos civis, políticos e sociais, fortalecendo o usuário no acesso e no processo de mudança da realidade na qual se insere, com vista à ampliação dos seus direitos e efeitos da cidadania.

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