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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Livro: Ana Terra (Érico Veríssimo)



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Sinopse:

A família de Ana Terra, formada por Maneco Terra, Dona Henriqueta e seus filhos Antônio, Horácio e a própria Ana, vivia em uma estância praticamente isolada no interior do Rio Grande do Sul, no século XVIII. 

A vida para eles era dura, pois enfrentavam um trabalho pesado na roça e ainda tinham que conviver com a constante ameaça de invasão dos castelhanos, que saqueavam suas casas e violentavam as mulheres. 

A vida de Ana Terra foi marcada por uma série de tragédias que começam quando ela encontra um homem ferido, com traços indígenas, ao lado de um riacho. Era Pedro Missioneiro, um homem criado em uma missão jesuíta e membro das forças de Rafael Pinto Bandeira. Em meio à vida rústica que a família Terra levava, Pedro se destacava pelo fato de ser culto e ter conhecimento musical. 

Após algum tempo de convivência, Ana se apaixona por Pedro e se entrega a ele. Ana engravida e tenta esconder o fato da família, porém o segredo acaba sendo revelado. O pai e os irmãos, seguindo a tradição de que “a honra se lava com sangue”, matam Pedro e passam a rejeitar Ana, que só conta um pouco com o apoio da mãe. O tempo passa e nasce o filho de Ana, Pedro Terra. D. Henriqueta morre, livrando-se assim de sua sina de passar os dias trabalhando. 

Até que os castelhanos invadem a casa da família Terra e matam todos os homens. Ana é violentada, mas sobrevive, assim como sobrevivem sua cunhada e as crianças. Com a plantação destruída e a casa saqueada, não há mais o que fazer ali. 

Sentindo-se livre de toda a rejeição e sofrimento que a acompanharam por tanto tempo, Ana vai em busca de uma nova vida na vila de Santa Fé, fundada nas terras do coronel Ricardo Amaral. Lá, seu filho Pedro cresce e forma uma família, lutando também em guerras contra os castelhanos. Parte para a luta com o compromisso de voltar vivo para cuidar de sua família. Enquanto isso Ana, parteira do povoado, espera pelo filho. 

Análise: 

O romance de Veríssimo é fabuloso não apenas devido a contextualização histórica em que se desenvolve a narrativa, mas principalmente porque agrega quase que imperceptivelmente pensamento e mundo exterior. A rispidez do lugar está no coração de cada membro da família, nos traços físicos, no jeito de falar e nas reflexões de Ana Terra. A firmeza está nos nomes: Terra, terra onde é difícil sonhar, flutuar. A realidade é dura para os homens, todavia, são as mulheres que ganham destaque nesta aventura, as mulheres da terra, assim como Ana, que representa todas aquelas que não puderam escolher na vida, não tendo o direito de serem felizes.
Vejo este livro como uma grande homenagem aos nomes desconhecidos, à Marias, Antonietas, Joanas... às mulheres brasileiras tão esquecidas nos cantões deste país: elas ainda existem, não permanecem quietas e submissas no século XVIII e XIX, são silenciadas aqui, neste tempo ainda, o que faz deste romance ainda mais atual.
Percebemos a influência ainda do realismo com seu determinismo em alguns momentos, mas não predomina pelos curtos capítulos. O que se destaca é a alternância do foco narrativo, ora em primeira pessoa ora em terceira, ora objetivo ora subjetivo, característica importante do modernismo, que não impõem paradigmas.
História curta, porém rica de reflexões e emoção: uma excelente aventura para os corajosos que, por vezes, arriscam-se em um mundo novo: o mundo do desbravamento e do que ele causou, o mundo da mulher calada por fora, todavia eloquente em seu coração.

flores1733






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